Monday, May 19, 2014

Brasil: Copa pode atrair terroristas, dizem especialistas

Por Thiago Borges para Infosurhoy.com

Ações autônomas de seguidores de organizações terroristas é a maior preocupação, segundo Agência Brasileira de Inteligência (Abin). 

SÃO PAULO, Brasil – A audiência televisiva de 2 bilhões de pessoas e a expectativa de receber 600.000 turistas estrangeiros colocam o Brasil no centro das atenções durante a Copa do Mundo, de 12 de junho a 13 de julho. Diante deste cenário, especialistas dizem que, apesar de o país não ser um alvo óbvio de terrorismo, há chances reais de um atentado acontecer.

“Nossa maior preocupação é com o que chamamos de ‘lobo solitário’, que é o indivíduo que atua sozinho”, diz Luiz Alberto Salaberry, diretor do Departamento de Contraterrorismo da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Apesar de descartar a existência de células terroristas de organizações como a Al Qaeda no Brasil, Salaberry ressalta que extremistas radicais podem adotar os mesmos discursos de ódio e racismo difundidos por esses grupos pela internet.

Para tentar identificar seguidores de terroristas, a Abin trabalha em conjunto com agências de inteligência de 82 países e departamentos de 38 órgãos governamentais em todo o Brasil.

“Os lobos solitários geralmente sofrem de desvios psicológicos e poderiam causar uma tragédia, se aproveitando da presença de delegações e turistas estrangeiros”, explica Salaberry. “O desafio é se antecipar ao movimento dessas pessoas que nós sequer conhecemos.”

A Abin intensificou o trabalho de combate ao terrorismo em 2012, com a Rio+20, e continou no ano passado, quando o Brasil sediou a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude.

Para o advogado e especialista em contraterrorismo Marcus Reis, as ameaças internas são maiores que as externas.

“A Copa pode ser um momento para chamar atenção e tentar extorquir do estado algum compromisso político”, diz.

A inexistência de uma legislação específica favorece a concretização de um atentado, diz Reis.

“O Estado tem que aumentar a segurança e diminuir a vulnerabilidade do país, melhorar o controle das fronteiras e aumentar a possibilidade de prisão para diminuir as chances de um ataque acontecer”, acrescenta.

Há um projeto de lei em tramitação no Senado que tipifica o crime de terrorismo e estabelece penas de 15 a 30 anos de prisão, sem direito a fiança.

Se o projeto for aprovado, a lei antiterrorismo pode englobar desde ações terroristas de organizações como o Hezbollah até atentados como os praticados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) em 2006 e 2012.

Além da Copa, o país vai abrigar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, e a Universíade de Brasília, em 2019.

Para tentar dificultar a ação de terroristas, a Abin investiu em metodologias, treinamento e parcerias no setor público e privado.

Entre esses parceiros, estão hotéis e restaurantes que vão atender as delegações estrangeiras. Como fez nos Jogos Pan-Americanos de 2007 e na Rio+20, em 2012, a Abin irá treinar funcionários de vários estabelecimentos para que informem o serviço secreto brasileiro sobre ações suspeitas.

“O terrorismo é uma ameaça que não faz parte da conjuntura normal do Brasil, mas um grande evento possibilita esse tipo de apreensão”, disse o general Jamil Megid Junior, assessor especial para Grandes Eventos do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) do Ministério da Defesa, em março, na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Durante a Copa, cerca de 150.000 agentes policiais e das Forças Armadas vão atuar na segurança de delegações, turistas e população em geral.

O general informou que varreduras em busca de bombas e agentes químicos, biológicos, nucleares e radiológicos serão feitas em todos os estádios, hotéis oficiais e centros de treinamento, entre outras áreas importantes, da Copa do Mundo.

“Nós já estamos ativando os nossos 12 comandos regionais das cidades-sede e finalizando a capacitação das nossas forças, agora em abril e maio, principalmente com exercícios simulados com representantes da segurança como um todo”, disse Megid.

Entre os dias 24 de março e 11 de abril, delegados da Polícia Federal e agentes da segurança pública de Amazonas, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul participaram de um curso sobre interdição marítima a terroristas.

Realizado em Moyock, no estado da Carolina do Norte (EUA), o curso é resultado de uma parceria entre a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge) do Ministério da Justiça, a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil e a Agência Antiterrorismo do Departamento de Estado dos EUA.

Investimento em segurança

O governo federal investiu R$ 1,9 bilhão entre 2012 e 2014 para garantir a segurança na Copa.

Os recursos foram destinados à coordenação de ações entre polícias, guardas municipais, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros e treinamento de pessoal, além da compra de tanques de defesa antiaérea, equipamentos antibomba e de videomonitoramento.

“Nós temos total confiança nos Ministérios do Esporte, da Justiça e da Defesa, incluindo todas as diferentes autoridades de segurança”, diz Ralf Mutschke, diretor de segurança da FIFA. “Estamos convencidos de que a segurança na Copa do Mundo de 2014 será provida.”

 

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