Friday, June 5, 2015

Ex-comandante da Operação Arcanjo discute problemas atuais de segurança do Brasil no SOUTHCOM

Claudia Sánchez-Bustamante/DIÁLOGO

Uma das memórias vivas na mente do coronel brasileiro da reserva Fernando Montenegro, agora no início de sua vida como civil, é sua última atribuição na ativa como comandante de batalhão em uma missão de manutenção da paz durante as operações Arcanjo, responsáveis pela pacificação dos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, e pela manutenção da ordem pública, levando a segurança a seus habitantes e livrando a área dos traficantes de drogas e criminosos que a dominaram durante décadas.

Por que as memórias se destacam? Porque em sua atual função como consultor, analista e redator contribuinte de segurança e inteligência em diversas publicações especializadas, incluindo Diálogo, o Coronel Montenegro recorre a muitas ações adotadas pelo Exército brasileiro durante os esforços de pacificação para explicar a importância das operações psicológicas e das campanhas de informação no apoio às missões militares.

Com sua experiência e conhecimentos, Montenegro tem opiniões interessantes sobre a atual situação do Brasil, no momento em que o país se prepara para sediar alguns dos maiores e mais importantes eventos de sua história, e os problemas que surgem no caminho, aos olhos do mundo. “Minha perspectiva vem de um passado em que atuei como coronel do Exército e das Forças Especiais, com experiência pessoal no combate ao terrorismo, no controle das fronteiras e na pacificação das favelas, e assim sendo minha análise se baseia apenas nesse valor agregado”, diz ele.

Para discutir isso, apenas do ponto de vista de um especialista civil em segurança e inteligência, Montenegro visitou o Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM) no dia 13 de agosto. “Eu compreendo a importância de se criar um entendimento mais profundo da atual situação do Brasil, dos protestos populares, das questões de segurança pública e do aumento na infraestrutura de forma integrada, tendo em mente que os veículos de mídia muitas vezes não conseguem transmitir essa imparcialidade”, acrescentou.

Em uma sala lotada de especialistas em segurança, tanto civil quanto militares, Montenegro fez uma análise detalhada da mobilização em massa que significa para o país sediar eventos de tal magnitude, do imprescindível apoio econômico aí envolvido e dos fantásticos esforços de coordenação e planejamento necessários para se obter o sucesso. Ou seja, a questão da segurança privada está sendo revista no momento para atender às necessidades da nova realidade da nação e cumprir os requisitos impostos pelos órgãos administradores, tais como a FIFA, em relação à Copa do Mundo de 2014.

O ex-coronel das Forças Especiais também declarou que durante a visita do papa ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, há poucas semanas, uma concentração de 3,5 milhões de fiéis ocupou a famosa região da Praia de Copacabana, uma faixa de não mais do que 4 quilômetros de extensão e 300 metros de largura. Essa foi a primeira vez em que uma multidão tão numerosa de pessoas se mobilizou – em parte graças às redes sociais – em uma área desse tamanho.

Felizmente tudo transcorreu sem problemas, resultado de cuidadoso planejamento, coordenação e colaboração de logística das diversas autoridades que trabalharam em conjunto.
No entanto, as estratégias sólidas de segurança para manter tais tipos de eventos “sob controle” são contestadas a cada novo evento, mais ainda ultimamente, em consequência de alguns grupos que se aproveitam dos acontecimentos para atrair a atenção através da violência. Além disso, o jornalismo cidadão “divulga” todos os aspectos dos eventos no momento em que ocorrem, compartilhando o bom, o mau e o feio com o mundo todo, muitas vezes até antes que as autoridades tenham a oportunidade de analisar as lições aprendidas com experiências anteriores para prever as ações futuras.

O Brasil e suas forças militares e de segurança têm realmente um longo caminho a percorrer nos próximos três ou quatro anos. “O Brasil é a bola da vez!”, disse Montenegro. E o mundo está assistindo.

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